Translate

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Desmistificando o Motor Movido à Água


Desmistificando o Motor Movido à Água

Depois de muito pesquisar, eu consegui o esquema do motor movido à água. Ele existe sim, mas depois de analisar o seu funcionamento, é preciso fazer algumas considerações: Primeiro vamos explicar como ele funciona e depois discutir o seu possível uso na nossa matriz energética.
O motor possui uma cuba eletrolítica, onde uma forte corrente elétrica produz uma centelha dentro da água, através de dois eletrodos de carvão. A forte corrente elétrica faz com que os íons H+ e OH-, combinem-se com os átomos de carbono dos eletrodos de carvão. Essa combinação faz com que se produzam gases, como o metano e o etano e, possivelmente, até mesmo os gases propano e butano. O propano e o butano são os gases que compõe o GLP (gás liquefeito de petróleo), o famoso gás de cozinha, e os gases metano e etano formam o GNV (gás natural veicular), que também tem sua origem na destilação do petróleo.
Os gases produzidos na cuba eletrolítica são encaminhados para um carburador comum de automóvel e, misturados com o ar, produzem a combustão que movimenta o carro. A energia gerada é bem maior do que a energia gasta para produzir a centelha elétrica que produz o gás.

Então onde está o problema?

O problema é que o combustível não é a água e sim o carvão.
O carvão vegetal, por exemplo, é fruto da energia solar que as plantas usam para fazer a fotossíntese e gerar compostos orgânicos com cadeias de carbono bastante complexas. Algumas dessas cadeias permanecem quando produzimos carvão, elas perdem água e os radicais OH, por exemplo. O que a água e a centelha elétrica fazem é hidratar pequenos grupos de carbono, produzindo gases. É um processo parecido a destilação do carvão.
Então, não existe motor movido à água! O que existe é um motor que transforma o carvão em gases usando a água. O combustível é o carvão!

Mas qual seria a taxa de consumo dos eletrodos de carvão?

Quanto tempo eles durariam?

Se fizermos nossos próprios eletrodos de carvão usando lenha em casa, o combustível de nossos automóveis sairia de graça?

Teríamos que fazer pesquisas para saber com que tempo teríamos de trocar os eletrodos de carvão.
Se o combustível sairia de graça, a resposta é não pois os eletrodos teriam que passar por algum processo para não quebrar, etc.

Mesmo assim, ficaria mais barato que a gasolina?

Se só meia dúzia de pessoas montarem este processo em seus automóveis, possivelmente sairia mais barato. Mas se uma frota de milhões de automóveis usar este processo, o preço do carvão iria disparar, e talvez ficasse mais caro que a gasolina (ou não), e os componentes para processar o carvão, para fazer eletrodos melhores, também teriam seus preços aumentados.
Se usarmos carvão mineral no lugar da gasolina, estaremos trocando um combustível fóssil e não renovável por outro. Se usarmos carvão vegetal, as florestas de eucalipto iriam disputar espaço com áreas de produção de alimentos, como ocorre com o etanol de cana-de-açúcar.
O carvão como combustível de automóvel foi usado no Brasil na época da Segunda Guerra Mundial. Com a SGM, todos os recursos possíveis foram deslocados para o esforço de guerra.  O Brasil que importava gasolina teve de racionar. Daí surgiu o Gasogênio: Um dispositivo que se apresentava como um grande tambor acoplado ao motor dos automóveis. Dentro desta câmara o carvão era aquecido e produzia gás, que por sua vez era direcionado ao carburador para fazer a combustão. O processo era altamente poluidor, soltava muita fumaça, mas funcionava.
Deixando as guerras e a história de lado, a solução mais limpa para os automóveis, além do carro elétrico, é o uso do hidrogênio. Usar desertos e regiões semi-áridas para produzir energia solar fotovoltaica e produzir, conseqüentemente, hidrogênio, é uma solução perfeitamente limpa. O hidrogênio pode ser usado nos automóveis e os escapamentos só teriam vapor de água como saída. Não poluiríamos o ar, não produziríamos os gases de efeito estufa que causam o aquecimento global, e daríamos muitos empregos nas regiões do semi-árido e dos desertos.
Soluções existem, mas motor que funcione exclusivamente à água, ainda não existe!