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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Energia Nuclear, Fukushima e a Zona Morta


Energia Nuclear, Fukushima e a Zona Morta

Um conceito que deveria ser introduzido nos movimentos ambientalistas e até no meio governamental, é o de “Zona Morta” ou “Zona Morta Nuclear”.
O que seria esta Zona Morta?
No desastre nuclear de Fukushima no Japão, logo depois do terremoto e conseqüente tsunami, foram evacuadas todas as pessoas em um raio de 20 km. Essas pessoas não poderão mais voltar para suas casas, ou poderão depois de algumas centenas de anos.
Isto significa que uma área de raio de 20 km, ou seja, mais de um milhão e duzentos mil quilômetros quadrados se transformaram em uma “Zona Morta”. Mesmo que uma boa parte desta área seja no mar, ainda sim representam uma grande área, onde se poderia plantar, morar, estudar, enfim viver. No entanto, tornou-se um território inútil economicamente. Para um país como o Japão que tem pouco espaço e uma grande população foi um grande golpe.
O governo Japonês construiu, rapidamente, casas em outros locais para acomodar a população. Mas e os outros imóveis, os negócios perdidos, os empregos perdidos para onde foram? Por quê o governo, ou melhor, o contribuinte tem de pagar pelos erros de uma empresa e burocratas do governo?
Se as empresas de energia nuclear tivessem que pagar por todos os imóveis, tanto comerciais, quanto às casas, escolas, etc., além de pagar também pelo tratamento médico da população local durante muitos anos será que elas iriam querer construir usinas nucleares?
Se as empresas tivessem que pagar por tudo isso, imaginem o tamanho do valor do seguro que teriam de fazer. A partir daí, a energia nuclear se tornaria inviável economicamente?
Como assim inviável economicamente?
A energia nuclear nunca foi viável economicamente!
Com exceção de países como o Japão e a França que não tiveram muitas outras opções, a maioria dos países investiu em energia nuclear para produzir bombas atômicas. Inclusive o Brasil. Resquícios da corrida armamentista entre o Brasil e a Argentina na década de 70, onde ambos os países eram ditaduras militares, nossas usinas atômicas ultrapassadas são um convite para futuros acidentes.  
Ao pensar em "Zona Morta" uma pergunta surge: Como Hiroshima e Nagasaki, onde explodiram as bombas atômicas, não são hoje Zonas Mortas como é o caso de Chernobyl?
No caso de uma explosão atômica a maior parte do material radioativo é consumido na reação em cadeia e se transforma em elementos mais estáveis. A energia de uma explosão atômica é liberada de uma vez em poucos segundos, fazendo o que um reator nuclear faria durante anos em operação. Um vazamento radioativo de uma usina nuclear libera uma quantidade de material que não é consumido/transformado em alguns segundos como em uma explosão, ou sob controle em alguns anos como em um reator nuclear, mas sim em centenas ou milhares de anos. Isto não quer dizer que a região não fique radioativa. Ela fica mas pode ser recuperada e usada bem antes. Assim podemos explicar (em parte) como Hiroshima hoje é habitada e como Chernobyl não é e não será por muito tempo.
Finalizando, as empresas lucram com o negócio mais arriscado do mundo e a população e os governos pagam pelos desastres. Isto é ilógico, é incoerente, é inconveniente, é imoral, é antiético, e é desumano.
A “Zona Morta” de Fukushima vai se somar a “Zona Morta” de Chernobyl, onde só vivem plantas, e assim, de desastre em desastre, de “Zona Morta” em “Zona Morta”, vamos anulando economicamente partes da superfície da terra. Esta é mais uma das excrescências que estamos deixando para as futuras gerações.
Este é um assunto importante que não poderia deixar ser discutido na RIO + 20.

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